O autor deixa claro durante toda a trajetória do livro que o jornal impresso está chegando ao fim por motivos muito claros, mas que os jornalistas insistem em ignorar.
O jornal impresso foi o primeiro meio de comunicação em massa, foi uma grande descoberta e uma grande ferramenta para grandes acontecimentos. Porém as coisas mudaram muito daquela época pra cá. A tecnologia tomou conta do mundo, e a concorrência cresce a cada dia. Hoje em dia, além do jornal impresso há outros tantos veículos de comunicação como a televisão, e mais recentemente, a internet. Isso quer dizer que o jornal precisa conquistar todos os dias seus leitores, pois aquilo que ele irá ler, provavelmente já terá visto na TV. Então por que comprar um jornal? É o que Noblat responde.
Segundo ele, é por isso mesmo que esse meio de comunicação está chegando ao fim. Jornalistas estão se esquecendo de sê-lo verdadeiramente, pois não usam aquilo que têm, ou deveriam ter: o tal do faro jornalístico. Os donos dos jornais por sua vez, estão achando que a propaganda é a alma do negócio. Pode até ser, mas não quando o negócio é um jornal.
Em busca de lucros, muitos jornais contêm mais publicidade do que jornalismo.
Não é novidade que a leitura é um hábito de poucos, e que, nesse caso, os telejornais substituem muito bem o jornal impresso. São mais dinâmicos e também transmitem notícias, inclusive com mais agilidade do que o impresso.
Noblat nos chama para essa realidade. Já que para produzir um jornal ocupa tempo, e que, por isso as notícias chegam mais devagar, devemos saber aproveitar esse tempo e não perder para ele. O jornal não terá mais utilidade quando transmitir as mesmas notícias e da mesma forma, sem nada a mais do que um telejornal. Aí sim caberá a pergunta: Por que comprar um jornal?
Se os jornais ainda têm leitores é por que ele não é dispensável, e tem o seu valor. Se as pessoas que trabalham para compor o jornal todos os dias souberem usar a arte da escrita a seu favor, ficará cada vez mais claro que o jornal impresso não é, e não será substituível, mesmo com tanta tecnologia.
Além dessa questão polêmica, Noblat aborda vários temas de forma genial, com uma pitada de bom humor, e muita paixão pela profissão que tanto defende. Uma obra fascinante, e ouso dizer que quase filosófica, pelo modo com que nos faz parar e refletir antes de recomeçar a leitura. Mesmo assim não deixa de nos dar respostas.
Até mesmo o título “A arte de fazer um jornal diário” foi muito bem escolhido. São ensinamentos dados por um respeitável artista que conhece muito bem a sua própria arte, e tenta transmiti-la para, e somente para os futuros profissionais que reconheçam que o jornalismo, antes de ser uma profissão, é uma arte apaixonante. Mas somente para os realmente apaixonados.