terça-feira, 31 de março de 2009

A arte de fazer um jornal diário - Ricardo Noblat


Em “A arte de fazer um jornal diário”, Ricardo Noblat trata de assuntos indispensáveis para qualquer jornalista ou aprendiz dessa profissão. Numa linguagem muito bem escrita, Noblat conta suas experiências como jornalista e cita exemplos de outros tantos, nos fazendo refletir a quais desses exemplos devemos seguir ou não.
O autor deixa claro durante toda a trajetória do livro que o jornal impresso está chegando ao fim por motivos muito claros, mas que os jornalistas insistem em ignorar.
O jornal impresso foi o primeiro meio de comunicação em massa, foi uma grande descoberta e uma grande ferramenta para grandes acontecimentos. Porém as coisas mudaram muito daquela época pra cá. A tecnologia tomou conta do mundo, e a concorrência cresce a cada dia. Hoje em dia, além do jornal impresso há outros tantos veículos de comunicação como a televisão, e mais recentemente, a internet. Isso quer dizer que o jornal precisa conquistar todos os dias seus leitores, pois aquilo que ele irá ler, provavelmente já terá visto na TV. Então por que comprar um jornal? É o que Noblat responde.
Segundo ele, é por isso mesmo que esse meio de comunicação está chegando ao fim. Jornalistas estão se esquecendo de sê-lo verdadeiramente, pois não usam aquilo que têm, ou deveriam ter: o tal do faro jornalístico. Os donos dos jornais por sua vez, estão achando que a propaganda é a alma do negócio. Pode até ser, mas não quando o negócio é um jornal.
Em busca de lucros, muitos jornais contêm mais publicidade do que jornalismo.
Não é novidade que a leitura é um hábito de poucos, e que, nesse caso, os telejornais substituem muito bem o jornal impresso. São mais dinâmicos e também transmitem notícias, inclusive com mais agilidade do que o impresso.
Noblat nos chama para essa realidade. Já que para produzir um jornal ocupa tempo, e que, por isso as notícias chegam mais devagar, devemos saber aproveitar esse tempo e não perder para ele. O jornal não terá mais utilidade quando transmitir as mesmas notícias e da mesma forma, sem nada a mais do que um telejornal. Aí sim caberá a pergunta: Por que comprar um jornal?
Se os jornais ainda têm leitores é por que ele não é dispensável, e tem o seu valor. Se as pessoas que trabalham para compor o jornal todos os dias souberem usar a arte da escrita a seu favor, ficará cada vez mais claro que o jornal impresso não é, e não será substituível, mesmo com tanta tecnologia.
Além dessa questão polêmica, Noblat aborda vários temas de forma genial, com uma pitada de bom humor, e muita paixão pela profissão que tanto defende. Uma obra fascinante, e ouso dizer que quase filosófica, pelo modo com que nos faz parar e refletir antes de recomeçar a leitura. Mesmo assim não deixa de nos dar respostas.
Até mesmo o título “A arte de fazer um jornal diário” foi muito bem escolhido. São ensinamentos dados por um respeitável artista que conhece muito bem a sua própria arte, e tenta transmiti-la para, e somente para os futuros profissionais que reconheçam que o jornalismo, antes de ser uma profissão, é uma arte apaixonante. Mas somente para os realmente apaixonados.

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