domingo, 7 de novembro de 2010

Um grande talento popular também cabe no "Quartinho"


Ana Carolina saiu de Juiz de Fora, em Minas Gerais, para investir na carreira de cantora no Rio de Janeiro. Começou cantando em barzinhos da cidade dela; o passo inicial da maioria dos aspirantes à música. Chegou ao Rio onde em breve assinaria um contrato com uma gravadora Multinacional, indicada pela filha de Vinícius de Moraes, a empresária Luciana de Moraes. Logo, uma das músicas do repertório da cantora foi parar na trilha de uma novela, e, a partir daí, em seis meses do lançamento do primeiro CD, intitulado “Ana Carolina”, foram vendidas mais de 100 mil cópias.

A cantora adotada por admiradores na noite de Juiz de Fora como suposta defensora da música alternativa, foi parar na novela. Sabem o que isso significa? Para os “rebeldes” alternativos, quase uma traição às suas origens; para Ana Carolina, uma atitude inteligente e, sobretudo corajosa (poderia dar errado) que posteriormente ficaria muito bem resolvida em sua carreira.

A propósito, músicos alternativos no Brasil, grosso modo, são aqueles avessos ao sucesso e divulgação na mídia. Para eles, o barato é ser reconhecido por uma rodinha de pessoas que compartilham das mesmas ideias musicais, sociais e até políticas, e que admirem seu trabalho intimista. Isso basta.

Em 2009, Ana Carolina completou 10 anos de carreira. Além de cantora é também uma consagrada compositora, arranjadora, instrumentista – toca violão, guitarra, baixo, piano e pandeiro - e artista plástica nas horas vagas. Como poucos, conseguiu incluir tudo o que gosta, e faz bem, no seu trabalho artístico. Que justamente por ser tão diverso, não deve ser chamado apenas de musical.

No começo, Ana era essencialmente conhecida por músicas em novelas. A primeira que a consagrou foi “Garganta”, incluída na trilha sonora da novela “Andando nas nuvens”, da rede Globo. A música é de autoria de Antônio Villeroy que, ao assistir a uma apresentação de Ana Carolina num bar de Belo Horizonte, entre copos e guardanapos, compôs “Garganta” especialmente para a voz e interpretação da mineira. Dessa forma conheceram-se, e hoje, Antonio Villeroy é para Ana Carolina como Erasmo é para Roberto Carlos. Assim ela mesma o intitulou: “O Erasmo da Ana”. Isso porque Villeroy é um dos grandes (na verdade o maior) parceiros de composição da cantora. Com ele escreveu muitas canções de sucesso.

Conforme se solidificava a carreira, Ana Carolina, sem grandes preocupações com a crítica, ousava cada vez mais. Para os que lhe acompanham a carreira, Ana Carolina há muito tempo não é mais só a cantora de novelas. Com a personalidade musical cada vez mais imposta, compôs e interpretou muitas canções fortes, polêmicas e musicalmente sofisticadas. Isso tudo em um repertório que inclui pop, rock, samba e até tango.

Em 2008, lançou o CD duplo “Dois quartos”. Esse é o disco que talvez até inconscientemente, veio para provar um espaço conquistado na música brasileira que não poderia ser de mais ninguém.

O álbum é composto por 24 canções, divididas em dois CDs, cada um com 12 músicas. O primeiro foi nomeado de “Quarto”. Nele foram gravadas as músicas de maior sucesso, mais radiofônicas, românticas e até com algumas críticas sociais. O segundo CD é o chamado “Quartinho”. Lá estão as músicas mais polêmicas e também as mais sofisticadas musicalmente. Letras e arranjos melódicos especialmente caprichosos.

Segundo a crítica de Catia Dechen, publicada no Canal Pop do portal Terra, “por conter letras ‘impróprias’, ‘Dois Quartos’ recebeu um selo desaconselhando-o para menores de 18 anos. Apesar disso, Ana Carolina alcança nesse álbum o esplendor da sua criatividade”.

Desde a inteligente iniciativa da cantora em dividir as canções em dois CDs no mesmo álbum, até esta última afirmação, fica estabelecidamente clara a relação dos brasileiros com a música. Enquanto a MPB de qualidade vem perdendo espaço e ironicamente continua sendo censurada, só não mais pela ditadura, músicas como “Créu” estão na boca de crianças e adultos. É equivocadamente contraditório. Primeiramente, se é melhor que as crianças não ouçam sobre sexualidade, mais proibidas ainda deveriam ser as musicas popularescas que falam sobre sexo de forma muito mais ridicularizada e irresponsável, e sem qualquer conteúdo musical.

Mas o que realmente impressiona é que os adultos pensem desta forma superficial, sem levar em conta o conteúdo musical das canções, e que esse “selo de censura” tenha sido colocado em uma obra fonográfica que deveria ser tratada tal como é: letras feitas com poesia e as melodias com um invejável arranjo de recursos instrumentais. Um álbum apreciado até por outros países e outras culturas, acabou sendo julgado de maneira equivocada justamente por brasileiros, que deveriam apreciar e defender a música que representa a cultura do país.

Arriscando tanto desde o começo da carreira, assumindo a polêmica bissexualidade, a falta de preocupação com críticas, rótulos e julgamentos maldosos, até chegar a essa etapa de liberdade da música sem questionamentos, e com admiração cada vez maior do público, Ana Carolina poderia não ter dado certo no momento em que assumiu a postura de artista de personalidade, se dando o direito de ser mais do que canções românticas, surpreendendo com repertórios e composições bem mais ousadas, como nas músicas em que faz críticas sociais, por exemplo. Mas sua ousadia nunca significou desafiar a música popular para defender o rótulo alternativo. Ana assumiu que não era vergonha alcançar o sucesso por meio da música em novelas, mas também não foi preciso trancar-se nessa jaula de pouco espaço para um artista de gostos diversificados.

E é assim que, para ela, se traduz esta questão: “Teve um público que ficou meio ressentido pelo fato de eu começar a tocar em novela. Mas eu me dei conta de que assim eu ia ter um apelo popular sempre, sem nunca deixar de fazer as coisas que eu queria fazer”.

Mais uma de suas vertentes enquanto artista é a pintura em telas, que também está diretamente ligada à musica. Quando lançou o segundo álbum, “Estampado”, Ana pintou uma tela para cada música do CD.

Agora, no trabalho mais recente, chamado “Ensaio em Cores”, durante cada apresentação, no mesmo local do show ficam expostas as obras de Ana Carolina que estão à venda. Parte da verba arrecadada com a venda das telas será doada para a ADJ (Associação de Diabetes Juvenil). A preocupação com a causa nasceu por conhecer de perto o drama da diabete. Ana Carolina tem a doença desde os 16 anos.

No livro, Universos da arte, a autora Fayga Ostrower diz que “a imagem é sempre uma forma estruturada. Nela se condensa toda uma gama de pensamentos, emoções e valores. Entretanto, por parte do artista que os formula, esses valores e pensamentos raramente ocorrem verbalizados, isto é, o artista sequer precisa trazê-los primeiro ao nível de palavras, para em seguida traduzi-los ao nível de forma. Ele pensa diretamente nos termos de sua linguagem visual, ou seja, ele pensa em cores, linhas, ritmos, proporções. (...) Lá, em regiões não-verbais, se fundem num sentimento de vida. E de lá o artista retira livremente, espontaneamente, portanto intuitivamente, aquilo que necessita para seu trabalho”.

O conceito da autora, em relação à arte por meio da imagem, confirma o que diz Ana Carolina quando fala do trabalho como artista plástica: “Gosto muito de pintar quadros, de mexer com cores. Daí faço um quadro, acho que ‘tá’ pronto, aí acordo de manhã e pinto outro quadro em cima do mesmo; enfim, é muito difícil abandonar as cores. Eu mexo muito com a minha intuição para criar, pra fazer música, pra cantar e pra pintar, é tudo intuitivo”.

É preciso que nós, brasileiros, tenhamos orgulho e defendamos toda e qualquer forma de arte que represente nossa cultura. A cada vez que o público dá mais audiência a músicas como “Créu”, canções de qualidade e com conteúdo cultural (como as canções de MPB) perdem a força. Ana Carolina faz parte da Música Popular Brasileira, assim como nossos muitos outros soldados que lutaram, por meio da música, pela cultura do Brasil ainda na época da censura promovida pela ditadura militar. Ana Carolina é uma das artistas que fazem parte da nova geração da MPB, que, tratada como gênero musical, é uma das maiores riquezas culturais produzidas no nosso país.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Eduardo Gansauskas



Para quem gosta de escrever, e acima de tudo, escrever emoções, sabe o que vou dizer:
Ao mesmo tempo em que criar textos tão cheios de significados interiores é tão sublime, tão prazeroso; pode ser um momento em que tudo o que você sabe da vida vai por água abaixo, porque você descobre que não sabe nada!
Descobre que não sabe o que está fazendo aqui, e que não sabe de que vai servir tudo o que você viveu quando morrer. Por isso fico me perguntando, o que é que eu preciso fazer para tornar as coisas mais importantes pra mim imortais?
Eu tenho uma família linda. Uma família que me amou desde sempre, e que fez tudo por mim, pela minha vida, pela minha saúde. Talvez por isso, tudo o que eu mais quero fazer nesse mundo é dar orgulho a eles. É mostrar que eu cresci, e que fiz de cada coisa que passei um degrau. É mostrar que o que eu estou sabendo ser feliz do meu jeito. Afinal, eu tenho certeza que é isso que mais faz feliz as pessoas que me amam.
Dentro da minha família já houve muitas perdas, muitas pessoas queridas se foram. Mas, no meu caso, só uma delas chegou ao meu coração. Acho que porque quanto às demais, eu era ainda muito pequena para “entender”. Era a época em que tudo o que precisamos saber é que a pessoa querida virou estrelinha no céu, e para a sabedoria de uma criança, isso nem dói tanto assim, porque é bom, é proteção.
Eduardo Gansauskas é a estrelinha que mais me doeu “perder”. E por outro lado, é a estrelinha mais importante das minhas noites, dos meus dias, e da minha vida.
Deixou de viver na Terra para virar um anjo do céu em 27 de dezembro de 2005. Um dia do qual sempre vou me lembrar... de quando me acordaram na madrugada para dizer, em outras palavras, que eu teria de ir ver pela última vez o rosto do meu avô, tão amado. Foi realmente uma despedida. Dei os últimos beijos, os últimos carinhos físicos, os últimos olhares de admiração de neta coruja. E talvez eu tenha começado a me despedir também de todas as minhas perguntas sem respostas, dando lugar à sede de conhecimento da espiritualidade. Acho que foi o modo mais “fácil” de entender que ele estaria bem, dali para frente. E é disso que eu tenho certeza, desde então.
É um exercício enorme para praticar o desapego ao egoísmo característico de quem fica sofrendo a partida. É como reaprender a ser criança e entender que não se deve sofrer (tanto) por alguém que foi embora para ficar bem e feliz no céu, e nos proteger.
E hoje, cada lembrança que tenho, de cada momento que vivi com ele, é o meu eterno tesouro. Agradeço a Deus por tê-lo conhecido, ter recebido tanto carinho; embora não tão explícitos, tão físicos, mas não menos grandiosos.
Entre todas as outras coisas das quais me lembro perfeitamente, a mais especiais foram as tardes que passei em sua casa todos os dias da minha infância. A sessão da tarde era nosso programa preferido juntos. Já os filmes de luta eram os preferidos dele. Me lembro das milhões de vezes em que assistimos “O Rambo”. O filme era sempre o mesmo, mas hoje entendo que o que importava mais eram as nossas emoções juntos, que eram sempre diferentes. Era o nosso prazer de estar um na companhia do outro, sentados no sofá.
Durante os últimos anos de sua vida na Terra, ele sofreu da doença mais sacrificante para uma família, mas por outro lado, uma doença que é para gente sábia entender, mesmo que ache que não entenda.
Digo isso depois de ler o livro “Para sempre Alice”, no qual eu mergulhei com tanta vontade de entender o que ele sentia, que eu acho que entendi. É a doença em que se manifesta o coração. Esquece-se a memória, para dar lugar a tudo o que o coração guardou durante toda a vida. A todas as pessoas que realmente amou, com toda a força.
Um trecho do livro diz: “Num amanhã próximo, esquecerei que estive aqui diante de vocês, mas o simples fato de eu vir a esquecer num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância!".
Depois disso, é que eu dou valor a cada vez em que ele chamou meu nome, sem saber ao certo quem eu era. Mas o coração lembrou de mim, o sentimento verdadeiro foi preservado, sempre foi. E nesse caso, a memória pouco importa. O que realmente interessa, nesse caso, e em todos os outros, é o amor!
Eu sei que de lá onde ele está agora, continua vivendo ao nosso lado, durante todos os instantes. Eu soube que ele está cuidando de nós. Olhando pela amada esposa, pelos filhos, netos, e pela nora também.
Não existe momento mais oportuno do que esse para dizer: “Tudo ficou guardado!”. E permanece. E permanecerá intacto para sempre, não na memória, mas em todos os corações que se amaram além da memória. E todos os corações que se amaram, ficam sempre perto, SEMPRE mesmo. Porque a vida é só uma passagem, e ela continua, e vai até onde nenhum de nós pode sequer imaginar!
Todos os meus momentos felizes eu dedico a ele, porque mais do que nunca eu tenho certeza de que ele sabe de tudo o que meu coração guardou. Eu o amo demais!

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

2010 - Ano NOVO!

Nesse pouco tempo que resta para 2009, todos os dias quando acordo, fico pensando o que é que eu vou planejar para o ano que já está batendo na porta. Sim, porque alguma coisa precisa mudar, ser diferente, se não o ano não é novo, é só igual. É o mesmo que olhar o tempo passar; e, definitivamente, isso não combina comigo.
Às vezes me acho um tanto quanto contraditória: me sinto tão angustiada de não saber direito o que quero, o que posso fazer diferente; mas por outro lado, se eu já soubesse perderia o desafio de sonhar e planejar, e reinventar.
Fico pensando que nesse ano tanta coisa me atropelou; e passou rápido demais pra mim, que preciso de um pouco mais de tempo pra organizar os pensamentos, as estratégias e vontades. O preço de não sentir as coisas no meu tempo é que isso me transforma em alguém automatizado, que monta e desmonta sem estudar o manual. E o gosto disso pra mim, é que me transformo em uma máquina que não quero ser.
Na verdade, muitas vezes não queria estar entregue a uma cultura que inventaram pra mim, me entregar ao dinheiro que o ser humano precisa pra sobreviver. Eu queria mesmo é não precisar de dinheiro, porque aí sim eu seria livre pra fazer realmente o que me satisfaz a alma, sem o preço de não estar sendo recompensada por aquilo que todo mundo fez parecer a coisa mais importante do universo; porque a minha visão de recompensa está ligada ao prazer. A minha cultura me faz trocar o prazer pelo dinheiro, e eu, como um ser humano (mesmo que não queira) igual a todos, também faço parte dessa cultura chata, mas – admito - necessária.
A prova mais clara disso, é que nunca tive tanta dificuldade de organizar as palavras que quero como agora. Me sinto perdida, porque não tenho mais tempo, nem energia para me dedicar ao prazer de escrever meus confusos sentimentos. E por mais que eu apague e reescreva não vai ficar bom o bastante. Só não parei por aqui porque talvez precise exercitar
.


E quando acordo e me pergunto o que é que eu quero para 2010, não sei me responder. Mas ainda me orgulho de não ter ficado feliz com a minha rotina, pois isso faria de mim uma pessoa estacionada, quando meu prazer é estar em movimento, rumo aos meus “novos” objetivos. Aos que me amam: nunca me deixem dizer que está bom assim, que não quero mudar nada; essa não seria a Gabi que eu to construindo.
Mas graças a Deus, eu também tenho uma parte acomodada de mim. Não quero mudar as pessoas que eu amo, que me cercam; não quero deixar de acreditar que Deus não está só na Igreja, mas sim em mim, comigo; quero continuar a entender mais minha própria espiritualidade, minha evolução; quero cursar até o último dia a minha faculdade tão amada (e sacrificante), com as pessoas mais lindas, que conheci naquele lugar, que me fizeram crescer (...)
Se tem uma coisa que 2009 me ensinou, e que preciso perder a vergonha cultural de admitir, é que eu odeio responsabilidades. Principalmente odeio obrigações. Que coisa chata essa de ser adulto! E que coisa brega essa de achar que ser adulto é necessariamente cumprir obrigações à força. Talvez por isso eu relute em crescer. Mas agora não tem jeito, infelizmente não posso voltar atrás.
Só o que preciso é encontrar algo que contrapese as responsabilidades chatas. Algo que me deixe tão feliz a ponto de não me importar com isso. Acho que é isso que todos deveriam fazer para não chegar ao ponto de olhar para sua própria vida e achar que ela é um saco.
Aliás, eu poderia resumir tudo isso que escrevi dizendo mais uma vez que a minha felicidade é renovar. É encontrar alguma coisa nova que me dê prazer e correr em direção a ela. E esses meus desejos nunca são mais fortes do que nesse período tão propício para mudanças, que é a chegada de um novo ano.
O que quero de verdade é que 2010 seja realmente novo, e não só o fim de 2009. Que não seja um “ano novo”só no nome.
Quero realizar, mudar, crescer, evoluir, ajudar, errar muito, acertar mais, cair muitas vezes, levantar sempre (...)
Quero me encontrar e ir atrás da minha realização. Mas o principal é para onde quer que seja, que eu vá sempre acompanhada das pessoas que escolhi pra minha vida. Porque se eu não tiver com quem dividir tudo isso, é melhor que fique tudo igual.
Obrigada a todos que rechearam meu 2009, e fizeram parte de um ano inteiro de evolução e mudanças. Que 2010 me reserve muitos outros desafios, para que eu possa cumprir a minha missão de proporcionar orgulho a todos os meus escolhidos.

domingo, 13 de setembro de 2009

Felicidade


Se há alguma coisa que me inspire a escrever é a vida, a amizade, o amor (em todas as formas). São as pequenas coisas que me fazem feliz. Porque, na minha opinião, felicidade é isso!
É sair à noite com aquelas pessoas especiais, é comer a minha comida preferida com coca-cola, é receber um abraço de quem eu amo, é poder tirar o sapato quando ele me aperta, e rir de qualquer bobagem, é ir para a faculdade mesmo quando as aulas são aquelas que eu nem gosto muito...
Parece tão pouco. Mas para mim, tudo isso é melhor que dinheiro, “melhor que chocolate”, e cada coisinha pequena dessa, são tudo o que eu preciso para compor minha felicidade.
Aliás, acho que o contrário da felicidade é passar a visa esperando por algo tão grandioso, que seja a coisa mais feliz que pode te acontecer, sendo que todo o resto do tempo não foi feliz, foi apenas busca; uma busca que irá render apenas as primeiras horas de plena felicidade, depois passa. Porque o mais importante não é a chegada, é o caminho até lá!
Eu sei que a minha felicidade não depende de mais ninguém, a não ser de mim. E acho até que é isso que me torna mais feliz. É simples e mágico assim: posso ser feliz a hora que eu quiser!
É como poder comprar alguma coisa sem se preocupar como limite do cartão... Mas bem mais gratuito. Nenhuma fatura chegará depois, para cobrar o preço da minha felicidade. Falo é de paz espiritual.
Quando se é criança, tudo é feliz. Porém, quando adulto, a felicidade estará diretamente ligada à maturidade de cada um. Acho que maturidade significa descobrir um monte de coisas sobre a vida, que sejam tão duras a ponto de acabar com o seu conto de fadas, e mesmo assim, ter a sensação de que todas essas descobertas aconteceram na hora certa, para nos ensinar a viver.
Esse é o ponto em que você deixa de acreditar em príncipe encantado e passa a acreditar em homens cheios de defeitos, mas que por um motivo chamado amor, sabe te fazer feliz; em que você deixa de acreditar que todas as amizades são para sempre e passa a acreditar em pessoas especiais, mas normais, que colorem a sua vida; e aí pode ser para sempre ou não, pode ter sido bom o tempo que durou.
Passa a aprender todos os dias que nem sempre o momento que você mais precisa é o que terá todas as pessoas que ama à sua volta, sem achar que elas são ruins, apenas entendendo que elas não são você; e desde que as amou, amou como são!
Aí então, você para de querer dividir as pessoas entre vilãs ou mocinhas; tudo mundo é um pouco dos dois!
Nesse momento, você aprende a não se decepcionar quando alguém não faz o que você esperava que fizesse. Apenas porque cada um é como é, e ninguém vai entender aquilo que faz sentido apenas para você.
Gosto mesmo é de escrever sobre a vida, porque é nesse momento que, ao querer compor algo simples e sábio, descubro que eu sei mais coisas sobre a vida do que pensava que sabia, e descubro também, que sei muito menos coisas sobre a vida do que alguém incrivelmente sábio deve saber. O dia que souber tudo perderei a razão da minha vida... a de descobrir todos os dias alguma coisa que me faça crescer e aprender algo novo. Não terei mais nada a escrever, tudo poderá ficar restrito em apenas um texto de ensinamentos, um dicionário de coisas a fazer para alcançar a felicidade.
Só o que quero é ser sempre mais mocinha do que vilã, ser sempre UM POUCO mais coração do que razão, ter sempre um abraço para dar e uma coisa boa para dizer, mas não quero ser grande o bastante nunca.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Ser Brasileiro ...


Temos uma cultura rica, temos a cidade maravilhosa e o cristo redentor; temos belezas que pessoas do mundo todo são atraídas a conhecer. Temos lindas praias, belas paisagens, as mulheres consideradas as mais bonitas e “gostosas” do mundo; temos o carnaval. Temos Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo (...).
E só nós, brasileiros, sabemos quantos problemas também temos. Aliás, os nossos problemas estão muitas vezes estampados também nas capas dos jornais do mundo todo. Nossos conflitos, problemas sociais e a violência do nosso país também são muito conhecidos. Porém, somos nós, brasileiros, que respiramos corrupção, violência e desigualdades a todo o tempo. Somos nós quem vive essa realidade.
São tantas causas muitas vezes já enumeradas para os nossos problemas, que sempre começam com as desigualdades raciais e sociais. Hoje em dia parece tudo muito bem dividido de fora, quando na verdade estão todos misturados, por trás dos perfis idealizados pela sociedade.
Fácil dizer que todo favelado é bandido; mais fácil ainda dizer que todo policial é honesto e trabalha pra nos proteger. Porém na prática não é assim. Aliás, na prática os papeis se invertem a todo o tempo. Favelado é também inocente; policial é também bandido.
Talvez o grande problema seja esses tabus que criamos. É tudo muito pré-conceituoso. As pessoas estão taxadas como um todo. E pensando como seres humanos individuais; no fundo sabemos que nem todo favelado é bandido, e que nem todo policial é sujeito honesto. É simplesmente mais fácil e “prático” tratar as coisas assim, como um todo. Afinal, hoje em dia está tudo mais claro quanto aos papéis dos principais personagens da nossa sociedade. Diante de tantos acontecimentos, tantas provas da corrupção na polícia, tanta violência desnecessária, tantos inocentes morrendo, tantos traficantes impunes; talvez nossa visão da sociedade possa estar mudando, inclusive depois da hora.
É realmente hora de uma visão menos taxada das pessoas e seus papéis na sociedade. Temos muitos exemplos de favelados honestos, inocentes; como de favelados talvez acostumados com o papel que a sociedade impôs, e agindo como bandidos que disseram para ele serem; e foram. Muitos exemplos de policiais honestos, empenhados em combater o crime e contribuir para a segurança da sociedade; como aqueles que impedem esse trabalho honesto, escolhendo ficar do lado oposto, ajudando o crime a proliferar, e assim, anulando todo o trabalho suado de toda uma sociedade com vontade de mudar. São esses os principais culpados: os bandidos disfarçados de homens da lei. Assim como traficantes e usuários do trafico (os patrocinadores), disfarçados de pessoas de bem, de classe média alta.
Não é a toa que esses nossos evidentes problemas sociais sejam alvo do foco do cinema brasileiro. É isso que conhecemos bem e sabemos contar. Às vezes de forma injusta, contada por um ponto de vista preconceituoso e burguês; às vezes de forma justa, como cidadãos que realmente participam dessa realidade, e assim, com mais autonomia para denunciar os realmente culpados.
Filmes como “Tropa de Elite” e “Cidade de Deus” nos mostram claramente que ser brasileiro é estar no meio de uma grande mistura de raças e papéis sociais que a nossa sociedade ainda não tem capacidade de pré-definir.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Muito além das palavras


Certa vez alguém me disse que “meu olhar tem poder”.
Às vezes fico me perguntando se eu já sabia, ou se descobri depois que me disseram. Porque depois disso, eu realmente passei a acreditar, com todas as minhas forças.
Na verdade, alguns acontecimentos pessoais me fizeram sentir que sou muito mais forte do que pareço ser, e que meu espírito tem um propósito muito bonito por aqui, mas que ainda não o conheço.
Acho que a partir daí, comecei a acreditar, do mais profundo sentimento que há em mim, que eu preciso encontrar algumas das almas que um dia conheci – ou quem sabe apenas uma -, e que me fizeram bem; ou não. Aquelas que, de alguma forma, estiveram muito presentes em minhas vidas.
Porém escolhi não pensar muito nisso, não fazer disso meu objetivo diário; uma busca incansável. Até porque, acho que não é assim que se encontra o que, ou quem estou procurando. Não é o tipo de coisa que quem procura acha. É quase o contrário. Quanto menos procuro, é quando, como uma surpresa da vida, encontro.
Acho tudo isso um desejo, uma busca muito pessoal. Não me perguntem o porquê escrevo, num lugar onde todos possam ler. Sou alguém que precisa transformar sentimentos em palavras para que me compreendam, mas ao contrário do que possa parecer, não escrevo tudo. E aquilo que não escrevo, apenas uma pessoa que me conheça profundamente - a ponto de entender sem que eu diga – consegue perceber. Assim como disse Clarice Lispector, “suponho que me entender não seja uma questão de inteligência, mas de sentir; entrar em contato” – é mais ou menos isso.
Por isso mesmo não digo que minha vida é um livro aberto, não é! Se fosse um livro, seria para pouquíssimos leitores. Só para aqueles que soubessem folhear as páginas com o mesmo carinho com que foram escritas. E eu sei muito bem quem são “os meus leitores”. Dedico a eles tudo o que escrevo. Todos os bons sentimentos que saem do meu coração e se transformam em minhas palavras. Só assim faz sentido.
Tenho tanto a agradecer a essas pessoas que me refiro em silêncio, sem nome, sem propaganda. Simplesmente porque quem é, sabe.
E dentre tantas pessoas especiais que eu conquistei pra minha vida, há também aquela que me conquistou sem notar, sem saber a proporção de todas as mudanças que provocou em mim. E nunca saberá. É o meu tesouro, só meu; e eu não faço questão de expor. Faz parte daquela outra parte que eu não escrevo, mas que quem precisa sabe e sente.
É disso que eu estou falando. As minhas almas de luz. As que ainda não escontrei, e as que já sei quem são.

terça-feira, 31 de março de 2009

A arte de fazer um jornal diário - Ricardo Noblat


Em “A arte de fazer um jornal diário”, Ricardo Noblat trata de assuntos indispensáveis para qualquer jornalista ou aprendiz dessa profissão. Numa linguagem muito bem escrita, Noblat conta suas experiências como jornalista e cita exemplos de outros tantos, nos fazendo refletir a quais desses exemplos devemos seguir ou não.
O autor deixa claro durante toda a trajetória do livro que o jornal impresso está chegando ao fim por motivos muito claros, mas que os jornalistas insistem em ignorar.
O jornal impresso foi o primeiro meio de comunicação em massa, foi uma grande descoberta e uma grande ferramenta para grandes acontecimentos. Porém as coisas mudaram muito daquela época pra cá. A tecnologia tomou conta do mundo, e a concorrência cresce a cada dia. Hoje em dia, além do jornal impresso há outros tantos veículos de comunicação como a televisão, e mais recentemente, a internet. Isso quer dizer que o jornal precisa conquistar todos os dias seus leitores, pois aquilo que ele irá ler, provavelmente já terá visto na TV. Então por que comprar um jornal? É o que Noblat responde.
Segundo ele, é por isso mesmo que esse meio de comunicação está chegando ao fim. Jornalistas estão se esquecendo de sê-lo verdadeiramente, pois não usam aquilo que têm, ou deveriam ter: o tal do faro jornalístico. Os donos dos jornais por sua vez, estão achando que a propaganda é a alma do negócio. Pode até ser, mas não quando o negócio é um jornal.
Em busca de lucros, muitos jornais contêm mais publicidade do que jornalismo.
Não é novidade que a leitura é um hábito de poucos, e que, nesse caso, os telejornais substituem muito bem o jornal impresso. São mais dinâmicos e também transmitem notícias, inclusive com mais agilidade do que o impresso.
Noblat nos chama para essa realidade. Já que para produzir um jornal ocupa tempo, e que, por isso as notícias chegam mais devagar, devemos saber aproveitar esse tempo e não perder para ele. O jornal não terá mais utilidade quando transmitir as mesmas notícias e da mesma forma, sem nada a mais do que um telejornal. Aí sim caberá a pergunta: Por que comprar um jornal?
Se os jornais ainda têm leitores é por que ele não é dispensável, e tem o seu valor. Se as pessoas que trabalham para compor o jornal todos os dias souberem usar a arte da escrita a seu favor, ficará cada vez mais claro que o jornal impresso não é, e não será substituível, mesmo com tanta tecnologia.
Além dessa questão polêmica, Noblat aborda vários temas de forma genial, com uma pitada de bom humor, e muita paixão pela profissão que tanto defende. Uma obra fascinante, e ouso dizer que quase filosófica, pelo modo com que nos faz parar e refletir antes de recomeçar a leitura. Mesmo assim não deixa de nos dar respostas.
Até mesmo o título “A arte de fazer um jornal diário” foi muito bem escolhido. São ensinamentos dados por um respeitável artista que conhece muito bem a sua própria arte, e tenta transmiti-la para, e somente para os futuros profissionais que reconheçam que o jornalismo, antes de ser uma profissão, é uma arte apaixonante. Mas somente para os realmente apaixonados.